Com perdão à metonímia utilizada no título da postagem, hoje nosso objetivo é falar um pouco sobre onde anda a obra de Jáder de Carvalho, onde a voz do homem-menino lírico foi parar.
De todas as constatações feitas pelo grupo Sertão-poesia, desde sua criação em 2011 até hoje, com toda certeza, a mais patente e motivadora da manutenção de nossas pesquisas é a que diz respeito ao esquecimento do nosso autor.
À quem lê alguns dos versos de Jáder, como os de "Terra Bárbara", há de fazer, espantado, mesma pergunta: onde está a voz de Jáder?
Em busca da resposta, deu-se as primeiras tarefas de nossa pesquisa. Passando pelas principais bibliotecas de acesso público em Fortaleza, descobrimos que Jáder estava guardado em nossas prateleiras públicas, amarelado pelo tempo, por vezes, restaurado ou mesmo em estado de conservação delicadíssimo. O brado do homem que foi Jáder de Carvalho estava ali, calado em páginas fechadas, há tempos esquecidas pelos leitores cearenses.
Fruto desse primeiro momento de nossas pesquisas, trazemos a público os arquivos que seguem, traços e memórias de visitas à biblioteca da Casa de Juvenal Galeno, à biblioteca da Academia Cearense de Letras, à Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel, à Biblioteca Municipal Dolor Barreira e às bibliotecas dos Centros de Humanidades das Universidades Federal e Estadual do Ceará:
Resultado, também, desse primeiro momento foi a seguinte organização de todas as obras do escritor:
OBRAS EM ORDEM ALFABÉTICA
A CRIANÇA VIVE – romance - 1945
ÁGUA DA FONTE – poesia – 1966/1974 (dentro de “Toda a poesia de Jáder de Carvalho”)
ALDEOTA – romance – 1963/2006
ALMA DE TROVAS – poesia – 1974
ANTOLOGIA DE JOÃO BRÍGIDO – antologia – 1969
CANTOS DA MORTE – poesia – 1967/1973 (dentro de “Toda a poesia de Jáder de Carvalho”)
CLASSE MÉDIA – romance – 1937
COLONIZAÇÃO DO CEARÁ – artigo – 1930
DELÍRIO DA SOLIDÃO – poesias – 1978[Ex. poemas inesperados] e 1980 (dentro de “Toda a poesia de Jáder de Carvalho”)/2001
DOUTOR GERALDO – romance – 1937
EU QUERO O SOL – poesia - 1947
MENINO SÓ –poesia – 1977 (dentro de “Toda a poesia de Jáder de Carvalho”)/1997
MEU PASSO NA RUA ALHEIA – coletânea de artigos – 1981
O CANTO NOVO DA RAÇA – poesia – 1927
O ÍNDIO BRASILEIRO – estudo sociológico – 1930
O LUGAR DE “A VÉSPERA DO DILÚVIO” ENTRE OS ROMANCES DO CEARÁ – apreciação crítica – 1967
O POVO SEM TERRA – INTERPRETAÇÃO DO FENÔMENO JUDEU – estudo sociológico – 1934
RUA DA MINHA VIDA – poesia – 1981
SUA MAJESTADE, O JUIZ – romance – sem ano
TERRA BÁRBARA – poesia – 1982 (dentro de “Toda a poesia de Jáder de Carvalho”)/1998
TERRA DE NINGUÉM – poesia – 1931 (obra prevista na coletânea “Toda a poesia de Jáder de Carvalho”, porém sem registros na pesquisa)
TODA POESIA DE JÁDER DE CARVALHO
Volume 1 – TEMAS ETERNOS E CANTOS DA MORTE – 1973
Volume 2 – ÁGUA DA FONTE – 1974
Volume 3 – MENINO SÓ – 1977
Volume 4 – DELÍRIOS DA SOLIDÃO – 1978/1980
Volume 5 – TERRA BÁRBARA – 1982
Volume 6 – TERRA DE NINGUÉM -1931
*o exemplar pertencente à coletânea e previsto como 6º , TERRA DE NINGUÉM, não foi encontrado
segunda-feira, 25 de março de 2013
Onde está Jáder de Carvalho?
domingo, 17 de março de 2013
O sociólogo Jáder de Carvalho
Nosso escritor Jáder de Carvalho também
enveredou pela sociologia. Ele entrou no Liceu do Ceará na década
de 1930 como professor de sociologia, mas foi afastado da cadeira, a qual saiu
do currículo escolar. Depois desse afastamento, passou a ser professor de
história e geografia. Dedicou-se mais à história, interpretando os fatos
históricos, com isso, buscava prever o futuro. Nessa época, entrou em choque com
o governo e foi processado justamente por causa dessas interpretações da
história que fazia em suas aulas. Requereu o cargo de professor do Liceu e
voltou a dar aula de história, trabalhando até se aposentar.
Jáder
publicou alguns livros sobre o tema, dentre eles destacamos O índio brasileiro – Estudo sociológico,
publicado em 1930, e O povo sem terra –
Interpretação do povo judeu, publicado em 1934. Ambos os livros estão
disponíveis somente na seção de Obras raras da Biblioteca Pública Governador
Menezes Pimentel, estando o livro O povo
sem terra também disponível na biblioteca da Academia Cearense de Letras.
Imagem do livro O índio brasileiro, fotografado na Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel. |
Além disso, Jáder de Carvalho é patrono da cadeira nº 20 da ACSC
(Academia de Ciências Sociais do Ceará), que tem como titular César Oliveira de
Barros Leal.*
*Fonte: Revista da ACSC, 2006.
domingo, 10 de março de 2013
Os Temas Eternos de Jáder de Carvalho
Em seu livro Temas Eternos (1973), Jáder de Carvalho ocupa-se dos assuntos que perpassam a existência humana. É justamente desses "temas eternos" que trata a Literatura. O poeta coloca, em sua obra, as suas vivências e, assim como todo homem, é "o ser que ama, odeia, espera, desespera, sofre a tortura da saudade, as dores do esquecimento, a tentação do mistério, além do grande e sempre atual problema da morte"(CARVALHO, 1973).
No poema que abre o livro, também intitulado "Temas Eternos", o escritor revela-nos que os tempos mudam, mas o homem sempre estará à procura daquilo que é a razão de sua existência, tentando responder aos inesgotáveis questionamentos que a vida lhe impõe.
Temas Eternos
Há os temas eternos. Vêm de longe,
das raízes humanas reveladas
nos amores, nos ódios, nas paixões,
na morte, na esperança, na saudade.
Mudam os tempos. O homem sonha sempre.
Os mistérios da vida e do destino
fazem nascer filósofos e deuses,
inspiram religiões que não se irmanam.
Mas existem os temas que não morrem.
O coração os descobriu e neles
busca, mesmo, a razão da própria vida.
Reparai na lição que vem das árvores:
são mais velhas que os homens e, até hoje,
não mudaram de flores nem de frutos...
domingo, 3 de março de 2013
Escrever, lembrar
Ainda em se tratando de matérias jornalísticasque versam sobre a figura do nosso poeta, hoje publicamos o texto da prof.ª Sarah Diva Ipiranga veiculado no caderno Ler, suplemento de literatura e cultura do jornal Diário do Nordeste. A pesquisadora, em um relato que acena para uma relação extremamente afetiva com o autor de Menino só, comenta ainda acerca dos fios e dos desafios de empreender uma pesquisa sobre uma figura que, aos poucos, vai ocupando o lugar de que é merecedora nas discussões da comunidade acadêmica. Confira clicando aqui e aqui.
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