domingo, 7 de abril de 2013

Um poeta entre o sertão e o mar

 
Nosso escritor Jáder de Carvalho foi um homem apaixonado pelo sertão quixadaense, terra de suas origens. Entretanto, a cidade, com suas praças, seresteiros e moças nas janelas, também encantou o poeta.
Em seus poemas, cantou o sertão de sua infância, marcado pela seca e pela alegria das gentes ao ver a chuva molhando a terra; cantou a vida no campo, onde "grasnam bandos de marrecas"* e sente-se "o cheiro bom do gado"*. Por outro lado, dedicou belos versos à Fortaleza antiga, de "ruas tranquilas"** e noites em que se podia escutar "os bramidos do mar no Paredão"**. 
É desse homem entre o sertão e o mar, entre Quixadá e Fortaleza, que fala o poema a seguir, extraído de Temas Eternos (1973).  
 
 
Sertão e Mar
 
O sertão me chamava. Eu tive pena.
E, em madrugada que jamais esqueço,
eis-me no trem. A máquina apitou.
Chegara a hora - o coração me disse.
 
A máquina cansava nas subidas.
Nas curvas os apitos se estiravam,
num longo adeus a tudo que ficara
na linha azul do mar, de que eu fugia.
 
Ah, na fumaça da locomotiva,
que se encurvava aos ventos da viagem,
ia o meu lenço, a minha despedida.
 
Amoroso do mato e da cidade,
se me alegrava o cheiro do sertão,
como gemia o mar dentro de mim!
 
 
 
*Trechos do poema "Noite no sertão", em Temas Eternos (1973).
**Trechos de "Sonetos para Fortaleza", em Temas Eternos (1973).
 
 


2 comentários:

  1. onde estão os familiares que não divulgam as poesia de jader de carvalho para essa nova geração.

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  2. onde estão os familiares que não divulgam as poesia de jader de carvalho para essa nova geração.

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