domingo, 21 de julho de 2013

Memorabilia




No ano passado, visitamos a casa de Jáder, na Rua Agapito dos Santos, 389. Percorremos o sobrado que servira de habitação ao escritor até o fim de sua vida e onde funcionara a Terra do Sol, sua editora. Restam poucos vestígios da passagem de Jáder por lá, embora significativos. Uma espécie de sala abriga, ao centro, uma escrivaninha e uma cadeira, rodeadas pelo que hoje resta de sua biblioteca, resguardada em estantes de madeira; na parede, afixadas em muitos quadros de vidro, estão fotografias de ocasiões diversas – é possível identificar a figura de Jáder em ocasiões solenes (trajado formalmente, ao lado de outras pessoas) ou mais íntimas (uma foto, por exemplo, registra o momento em que Jáder tem uma criança em seus braços).
É ainda na sala que está uma escada em caracol que nos leva até o quarto de Jáder, único compartimento que justifica o segundo andar do prédio. Arquitetura simples, não há nada além de duas janelas e poeira. Os compartimentos que se seguem revelam, aqui e ali, alguma mobília. Há mesinhas, sofá e cadeiras, arcas, cômoda, cabide e um móvel amarelo que guarda utensílios de cozinha, como pratos, copos, xícaras e taças de sobremesa. Algumas telas de Cid de Carvalho, seu filho, descansam no sofá ou no chão. Há sinais de reformas recentes, pontuais marcas de cimento. Fiações pendem do teto. A ficha de visita domiciliar identifica três inspeções – a última no mês da nossa visita. No fim do terreno, emaranhados de vegetações se acomodam sobre ruínas de algumas construções. Entre elas, a céu aberto, resiste um cofre enferrujado, guardador de segredos que desconhecemos.

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