Ao lado de Maracajá,
suplemento literário que tem motivado nossas últimas publicações, Cipó
de Fogo foi um periódico
próprio da produção modernista das nossas letras. De vida breve (seu único
exemplar circulou em 27 de dezembro 1931), a folha era dirigida por João
Jacques e Mário Sobreira de Andrade. Propondo a circulação da poesia, do
romance e do teatro moderno – especialmente na tentativa de consolidar a obra
literária do modernismo cearense –, o breve programa do movimento, redigido por
Mário, indica a necessidade de “crear uma alma brasileira, bem brasileira, contra
a esterilidade dolorosa dos romanticos". Almejava-se, antes de tudo, não o
“cabeçalho de uma revista”, mas um movimento. E alertava-se: “não haverá
sonetistas”.
No expediente do
jornaleto, consta a colaboração de “todos os modernistas do Ceará, sem
exceção. E alguns de outros Estados.”. Jáder de Carvalho assina “Desafio”,
poema de Terra de ninguém. Em espaço
dedicado às produções do “pessoal do ‘Cipó de Fôgo’”, pequenas notícias revelam
as novidades literárias dos escritores da época. Surgem, então, os nomes de
Rachel de Queiroz, Sidnei Neto, Heitor Marçal, Mário de Andrade (do norte) e
Jáder de Carvalho. Aqui um detalhe nos desperta a atenção: a menção a um livro
que Jáder estaria escrevendo – Plebe –, que até hoje desconhece
publicação ou adormece em uma gaveta antiga da casa da Rua Agapito dos Santos,
389.
Em visita à casa do escritor, o grupo Sertão-poesia teve
conhecimento da existência de originais que resistiram à força do tempo. (Resistir,
verbo que bem descreve a figura de Jáder.) Plebe
estará entre eles? Não sabemos. A lembrança de Jáder, contudo, permanece
escrita em sua obra e pende como uma fotografia na parede da nossa memória.
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