quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A morte do soneto: o modernismo de Cipó de Fogo


Ao lado de Maracajá, suplemento literário que tem motivado nossas últimas publicações, Cipó de Fogo foi um periódico próprio da produção modernista das nossas letras. De vida breve (seu único exemplar circulou em 27 de dezembro 1931), a folha era dirigida por João Jacques e Mário Sobreira de Andrade. Propondo a circulação da poesia, do romance e do teatro moderno – especialmente na tentativa de consolidar a obra literária do modernismo cearense –, o breve programa do movimento, redigido por Mário, indica a necessidade de “crear uma alma brasileira, bem brasileira, contra a esterilidade dolorosa dos romanticos". Almejava-se, antes de tudo, não o “cabeçalho de uma revista”, mas um movimento. E alertava-se: “não haverá sonetistas”.

No expediente do jornaleto, consta a colaboração de “todos os modernistas do Ceará, sem exceção. E alguns de outros Estados.”. Jáder de Carvalho assina “Desafio”, poema de Terra de ninguém. Em espaço dedicado às produções do “pessoal do ‘Cipó de Fôgo’”, pequenas notícias revelam as novidades literárias dos escritores da época. Surgem, então, os nomes de Rachel de Queiroz, Sidnei Neto, Heitor Marçal, Mário de Andrade (do norte) e Jáder de Carvalho. Aqui um detalhe nos desperta a atenção: a menção a um livro que Jáder estaria escrevendo – Plebe –, que até hoje desconhece publicação ou adormece em uma gaveta antiga da casa da Rua Agapito dos Santos, 389.

Em visita à casa do escritor, o grupo Sertão-poesia teve conhecimento da existência de originais que resistiram à força do tempo. (Resistir, verbo que bem descreve a figura de Jáder.) Plebe estará entre eles? Não sabemos. A lembrança de Jáder, contudo, permanece escrita em sua obra e pende como uma fotografia na parede da nossa memória.  

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