Hoje, apresentamos um poema que traz mais um tema muito presente na obra de Jáder de Carvalho: a mulher. Ao lado do enfoque político, da exaltação de sua terra e dos caminhos percorridos pela memória, encontramos também as canções que o escritor dedicou às mulheres que habitaram sua vida e sua imaginação. No texto a seguir, publicado na segunda edição do suplemento Maracajá, Jáder canta uma mulher de nossa terra, a Iracema de José de Alencar.
Na
praia natal ficou a palmeira...
Bila Ortiz , você teve o Alvaro Moreira para dizer
que o
seu corpo é como um campo claro:
o pampa onde, sonhando, o gaucho erra ha tres
seculos
com a bandeira da patria desfraldada na mão!
Mas você, Maria Nazareth,
Você apenas mereceu a estrophe incolor de um poeta
do sul:
Estrophe em que os seus cabellos de sol
E os seus olhos de azul verdoengo
São reminiscencias de algum avô hollandez...
Eu penso, porem – e quem sabe si não estou pensando
direito? –
Que Maria Nazareth não é mais do que Iracema
saudosa
Disfarçada em mulher branca...
Martim não partiu da Barra do Ceará
No barco aventureiro que nunca mais voltou?
Ah! Você traz nos olhos, Maria,
O retrato do mar onde elle desapareceu!
Nos cabellos,
O sol que vestia de perolas o corpo cheiroso da
virgem
Quando ella sahia do banho na água azul da
Porangaba!
Você, que não é neta de flamengo,
Você ouviu no sangue o soluço da filha de Araken
E, por isso, fantasiou-se de Cecy,
Para não ser reconhecida na taba dos guerreiros
brancos...
Maria Nazareth...
Lembre-se de que na praia natal, ficou a palmeira
E, na fronde da palmeira, a jandaia chamando:
Iracema! Iracema!
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